domingo, 30 de setembro de 2007

HOSPITAIS DE PONTA QUEREM ATRAIR PACIENTE ESTRANGEIRO

São Paulo tem três iniciativas para entrar em mercado que movimentará US$ 40 bilhõesCapital paulista já é referência em cirurgia plástica e no tratamento de doenças cardíacas, oncológicas e ortopédicas
Ao menos três iniciativas estão em curso para colocar São Paulo na rota do turismo internacional de saúde, um negócio que deve movimentar até 2010 US$ 40 bilhões em todo o mundo. Hoje, esse tipo de turismo atrai apenas 1,5% dos estrangeiros que vêm ao Brasil. Desses, a maioria faz procedimentos em São Paulo, especialmente na área de cirurgia plástica.Além da estética, a capital paulista também é referência internacional no tratamento de doenças cardíacas, oncológicas e ortopédicas.
Tem ainda médicos renomados, tecnologia de ponta e, o mais atraente para os estrangeiros, tarifas em reais.Uma lipoescultura no Brasil, por exemplo, custa em média US$ 4.700 (R$ 8.600). Na Europa, o preço vai a US$ 11 mil (R$ 20 mil) e, nos EUA, chega a US$ 13,5 mil (R$ 24,8 mil).
Entre as iniciativas para atrair pacientes estrangeiros a São Paulo está o lançamento de um guia em inglês, espanhol e português com uma lista de hospitais, clínicas e spas na capital, elaborado pela São Paulo Turismo e o sindicato dos hospitais paulistas (Sindhosp)."O mimo que se tem aqui com paciente não existe em lugar nenhum do mundo", diz Rui Tanigawa, da APM (Associação Paulista de Medicina).
Setor de saúde e governo vão divulgar medicina brasileira em outros países

Ao mesmo tempo em que São Paulo lança seu primeiro guia voltado ao turismo de saúde, quatro hospitais de capitais firmaram um consórcio com a Apex Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos), ligada ao governo federal, com o objetivo de divulgar o setor de saúde brasileiro para mercados internacionais. A iniciativa recebeu investimentos de R$ 1,3 milhão.

A APM (Associação Paulista de Medicina) e a Secretaria de Relações Internacionais de São Paulo também têm se reunido com os principais hospitais de São Paulo para definir, entre outras questões, quais as principais vocações de cada um.As instituições já estão se preparando -especialmente, dando cursos de idiomas aos funcionários e buscando certificações internacionais, que são exigidos por muitos seguros-saúde no exterior para reembolso das despesas médicas.

De olho nos seis vôos semanais que a Emirates Airlines, companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, vai inaugurar amanhã entre Dubai e São Paulo, hospitais como o Sírio Libanês e o Oswaldo Cruz já estão se preparando para receber os pacientes árabes. No site do Sírio, por exemplo, há versões de texto em inglês e em árabe.

O Oswaldo Cruz participou recentemente de uma feira em Dubai para promover os seus serviços de saúde. "Há um interesse de pacientes do Oriente Médio que não querem ir aos EUA e que pensam em vir para São Paulo", diz José Henrique do Prado Fay, superintendente executivo do Oswaldo Cruz.

O Sírio também inaugurou em fevereiro um serviço de relações internacionais para cuidar da "captação" de pacientes estrangeiros, por meio de agências de saúde internacionais.O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) teme que as iniciativas para atrair os estrangeiros deteriorem a relação médico-paciente. "A saúde não pode se transformar em negócio e comércio", diz o conselheiro Reinaldo Ayer (CC).