domingo, 17 de fevereiro de 2008

Galo Tito


Certo dia, um fazendeiro foi até seu galinheiro e constatou que seu velho galo havia morrido. Necessitando de um novo galo para "dar o trato" nas galinhas, foi até a venda na cidade.

Chegando no local, disse ao seu Zé da venda que gostaria de um galo. O mesmo providenciou um de seus melhores animais e vendeu ao fazendeiro. Já na fazenda, o homem soltou o galo no galinheiro para que o mesmo fizesse a alegria das galinhas.

O problema veio no dia seguinte. Quando o fazendeiro foi até o galinheiro logo cedo, viu que o galo estava morto. Voltou até a venda e questionou seu Zé, que providenciou outro galo. Mas esse outro galo também morreu, e o outro também e o outro também.

Já irritado, o fazendeiro volta até a venda e seu Zé diz que só lhe resta um galo, o Tito. Tito era um galo chileno, velho e cheio de estilo, com suas botas lustradas, sua jaqueta cheia de broches, sua camisa de Che Guevara, sua boina caída de lado e sua tatuagem de caveira. O fazendeiro estranhou, mas como era o último galo da venda, decidiu levar.

Chegou na fazenda, soltou Tito e foi dormir. Na manhã seguinte, foi até o galinheiro e não viu Tito. Mas o que chamou a atenção do velho foi que as galinhas estavam todas deitadas no chão, rolando, com as pernas abertas e os olhos serrados, dizendo: "Tiiiiito", "Tiiiiito". Ele logo pensou "eita nóis, o galo é garanhão mesmo sô, mas cadê o danado?"

Saiu pela fazenda em busca de seu galo comedor. Foi quando outro fato chamou a atenção do caipira. As vacas, as porcas, sua cachorra, as passarinhas, aquele boi que ele sempre desconfiou que fosse gay, a mulher do vizinho, as cabritas e até mesmo as fomigas, todas deitadas, com as pernas escancaradas, fazendo uma sinfonia desconcertada que soava em seus ouvidos: "tiiito" "Tiiito". Então ele pensou: "minha Nossa Senhora", o galo traçou tudo que ele viu pela frente, o bixo é um astro pornô, tenho que achá-lo!"

Após dias de caminhada, seguindo os "rastros" deixados por Tito, o velho fazendeiro avista algo no horizonte, próximo ao que pareceia ser um cemitério de animais. É quando ele vê Tito, caído com um olho fechado e outro entreaberto. Na hora, com um ar de tristeza, o velho disse: "essa não, é azar por demais, morreu meu reprodutor".

É quando tito, apontado para os vários urubus (ou urubuas) que rondavam o céu, diz ao velho: "CALA-TE OMBRE, ELAS ESTÃO DESCENDO!"