quarta-feira, 2 de maio de 2007

NOSTALGIA


Estou ficando velho, e, as lembranças afloram, fazendo-me recordar um passado romântico e nostálgico. Tudo parece ter sido melhor do que hoje. Desde a camisa volta ao mundo, que não era preciso passar, do sapato vulcabrás, que não acabava nunca, da coca-cola pequena, em garrafa, da cerejinha, das calças Lee, ou americanas, difíceis de encontrar, -privilégio de quem ia ao exterior- do Simca Chambord, Gordini, e DKW.

Ir ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo, torcedores misturados, sem essa de torcidas divididas. Ficavam todos juntos, -torcedores rivais, sim senhor- bebericando cervejas, trazidas dos bares internos, consumidas na arquibancada, numa confraternização geral. Hoje nem copos plásticos se pode usar, quanto mais beber.
Quando nosso time perdia, tudo se resumia, no máximo, numa gozação, num tirar sarro. Hoje, o estádio vira um campo de batalha, com torcidas uniformizadas, degladiando-se, como exércitos inimigos. Beber não pode, entretanto, dependendo do time que joga, ficar no meio da sua torcida, é fumar maconha por tabela. O cara sai chapado.

Até ser roubado outrora, era de maneira gentil e elegante. Quem não se lembra dos batedores de carteira! Havia elegância e, sem violência, levavam nossa carteira no ônibus, em aglomerações, de tal maneira sutil, que tínhamos vergonha de fazer queixa. Era office-boy num escritório de advocacia, e, sempre alertado a ficar esperto ao andar de bonde ou ônibus.

No ônibus agiam em 3, uma mulher deixando a vitima esfregar-se, outro tampando a visão do público e o terceiro, que habilmente levava a carteira, deixando o sujeito sem ação. Hoje os assaltantes entram armados, mandam todos deitar no chão, e ainda atiram no cobrador, motorista e passageiros. Que falta de picardia !

Na boca do lixo, ou zona, acontecia o conto do “suadouro” cuja vitima, acariciada pelas meninas, era sutilmente surrupiada. Apalpada na frente, nos lados e atrás, onde geralmente estava a carteira no bolso traseiro que, como num passe de mágica ia embora. O que contar lá em casa ?

Alguns, com vergonha e duros, pois muitas vezes era o dinheiro do pagamento, procuravam a delegacia e contavam outra história. O tira ouvia pacientemente, e, acostumado com a rotina diária fingia acreditar, fazendo um registro que não dava em nada.

Muitos senhores casados, iam à zona, semanalmente marcar o ponto, cujo risco, era ficar sem a carteira e no máximo pegar uma gonorréia. Agora, coitados... !! Ficar sem o dinheiro é o de menos... O problema maior é a Aids..

Levava-se a namorada aos cines Marabá e Ipiranga, no Centro, Capital-SP, jantava-se no Leão D’Olido, na Av. São João. Hoje, só cinemas com pornografia, e comer, apenas em restaurantes por quilo. Um horror !!

Hoje, ao contrário, o cidadão é roubado, com extrema violência. Ou dá os bens na marra ou leva tiro É assim mesmo, é a lei do cão. O mais forte, covardemente armado, nem precisava, pois geralmente são “di menor” de l,80, daí pra diante, tomam tudo, desmoralizando o mais fraco, indefeso e desprotegido.

Era um tempo em que o policial dentro da viatura, a um leve aceno, fazia o malandro vir até a viatura, no pio, explicar-se. Hoje, se tentar fazer o mesmo, um moleque , de l2 anos saca um revolver, se vacilar, um fuzil e vai metendo bronca. Sinal dos tempos.

Antigamente havia o esquadrão da morte, que a revelia, eliminava marginais. Hoje, existe o PCC, que mata marginas, policiais e cidadões. Alguns discutem, qual deles seria melhor para nós. Certamente, nenhum dos dois.

Outrora os políticos, ao que parece, eram mais sérios do que os de hoje. Estes, sempre envolvidos em escândalos, que um após o outro, devem ficar bem em seus currículos. Alguns são reincidentes genéricos, específicos e teimosos. Eleição após eleição, ali estão, como se nada tivesse acontecido, e, o eleitor brasileiro, fraco de memória, novamente os coloca em cena.

É preciso forjar homens honrados, honestos, despretensiosos, que sirvam de graça à causa pública.

Até o espiritual tinha mais atenção, as igrejas funcionavam 24 hs., hoje, só durante o horário comercial !

Havia a tão criticada ditadura, hoje a tão sonhada democracia.

Chega das discussões intermináveis dos politicos. Precisamos de educação, educação e educação. Fazer como o Japão, que dizimado com bombas atômicas, ressurgiu das cinzas, como fênix, e hoje disputa tudo, mano a mano, com as grandes potencias.

Discute-se o que é melhor: a direita, o centro ou a esquerda. Ao povo que importa isso ? Com quem está a verdade? Ou são todos um bando de mentirosos !! A verdade é do conhecimento de uns poucos que agem na sombra do poder. O povo, permanentemente enganado, só saberá a verdade daqui a 100 anos. Então, continuemos na saudade !!!

Brownsugar


Abaixo o Simca Chambord, o Gordini e o DKW.