segunda-feira, 4 de agosto de 2008

As novas máfias do exílio cubano

A detenção de dois contrabandistas em Miami confirma a realidade do seqüestro, extorsão, assassinato e tráfico de pessoas.

No atual caso cubano são todos o que fomentam e se aproveitam da miséria e da dor. Dentro e fora do país. A nova grande máfia é nacional, não tem nomes sonoros e sobrenomes italianos como Lucky Luciano, Santo Traficante ou Amleto Battisti de meio século atrás, e sim cubanos de origem espanhola. Também trocaram os cassinos pelo tráfico humano, são os transportadores da necessidade sentimental e econômica, que no refinamento e “modus operandi” assemelha-se aos do narcotráfico, seqüestro e assassinato. É um lado dos muitos lados obscuros da tragédia cubana. As penas, que até agora, pelo contrabando, eram de vários anos de cadeia nos Estados Unidos podem chegar até a prisão perpétua quando seqüestro.

Faltando cinco meses para completar os 50 anos da Revolução cubana, e que tem perdido sempre são os que estão separados de sua família, tanta gente que fugiu de seu país em busca de liberdade política ou econômica. Sofreram os entraves governamentais e muitos, cansados de esperar pelos caminhos legais, torpedeados tantas vezes por interesses cruzados e a burocracia de Cuba e dos Estados Unidos, tem criado qualquer sistema para buscar uma nova vida. O último pedágio que devem pagar entre tanta ruindade, mas também o primeiro que podem tentar, é o tráfico humano. Não lhes resta outra saída.

Não é novo, porque se iniciou nos primeiros dias revolucionários, daquelas viagens em barcos de amigos e familiares a última variação chegou aos piores limites. O que era tão secreto, porque não se tratava de cruzeiro de lazer, tem vindo á tona com provas eloqüentes pela primeira vez nos tribunais de Miami.

Niovel Chirino, de 33 anos, e Lázaro Martines, de 21, não só acusados de tráfico humano como outros contrabandistas anteriores, mas também de seqüestro, extorsão e ameaças de morte por pressionar familiares dos transportados. A Promotoria do sul da Flórida os acusa de usar como reféns oito pessoas e de ameaçar de morte a uma delas, a única mulher do grupo, além de dizer aos demais de que iriam devolve-los a Cuba ou entrega-los a piratas que se livrariam deles no Golfo do México.

De principio o juiz fixou uma fiança de 500.000 dólares para Niovel e de 30.000 para Lázaro, ambas tornadas sem efeito quando confirmadas as ameaças de morte.

O advogado de Niovel, declarou que a acusação de seqüestro é um exagero e nunca havia visto nada parecido em sua carreira. “De enfrentar três anos de cárcere a condenação perpétua há uma grande diferença”, disse. O julgamento está previsto para os primeiros dias de setembro. Será o primeiro, mas parece que não será o último.

Os contrabandistas foram descobertos porque um dos seqüestrados era primo de um agente federal. Segundo documentos da Promotoria, em 15 de junho passado um empregado do aeroporto de Miami recebeu um ligação de uma pessoa dizendo que seu primo havia entrado nos Estados Unidos com outras sete pessoas, mas que necessitava de 10.000 dólares para pagar a viagem, a quantia mínima que custam os bilhetes para sair de Cuba. O empregado o denunciou ao Departamento de Imigração e Aduanas e fez-se de intermediário. Contatou Niovel, que admitiu estar retendo aos cubanos. Agentes disfarçados detiveram os contrabandistas e liberaram os reféns.