sexta-feira, 8 de agosto de 2008

NÃO SE PODE MISTURAR ESPORTE COM POLÍTICA

Não se pode misturar esporte com política, afirmam nestes dias as autoridades olímpicas, que, assustadas com a possível reação do governo chinês, acabaram com a liberdade de expressão dos esportistas, proibindo-os de falar de assuntos tão interessantes quanto a repressão no Tibete - Cadel Evans, por exemplo, usou uma camiseta "Free Tibet" durante toda a Volta da França; não a usará em Pequim -, a intervenção chinesa na guerra de Darfur ou os direitos humanos. Não é uma voz nova.




O olimpismo prefere celebrar nestes dias o 40º aniversário dos Jogos do México, o punho erguido do "black power", Tommie Smith e John Carlos no pódio dos 200 m rasos, símbolo do poder do esporte para mudar a sociedade, mas a realidade, mais obstinada que os desejos, o obrigam a lembrar os jogos de 1936, os da Berlim nazista enfeitada de suásticas até a náusea, e não somente para falar da bela parábola das vitórias do negro Jesse Owens no altar da exaltação do ariano, e de sua admirável amizade com o louro Lutz Long, atletas que só se moviam por altos ideais e não por dinheiro, como os de hoje, as histórias que passaram à história e que servem para que muitos lembrem os jogos de 1936 como um oásis de pureza, tolerância e bom jogo em meio aos 12 anos de pesadelo nazista, e que alimentaram o mito do espírito olímpico.


Lutz Long e Jesse Owens