sexta-feira, 11 de julho de 2008

O “pecado” de ser mulher e desportista


Vários países muçulmanos dificultam e proíbem o acesso de suas atletas à competição

“Esta é um a residencia governamental e tanto a piscina como o ginásio são só para homens”, avisa a recepcionista do Palácio de Conferencias de Yeddah. Assim são todas instalações públicas da Arábia Saudita, inclusive suas escolas e institutos.

Amparado por “razões culturais e religiosas”, o País separa sem distinção suas mulheres do desporte. Não é um caso único. À beira dos Jogos de Pequim, que começarão no próximo dia 8 de agosto, as restrições às desportistas nos países muçulmanos seguem a ordem do dia. Tamanha é a discriminação que um grupo de ativistas pediu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que cumpra com seus estatutos (que exigem a não descriminação em razão do sexo) e proíba a participação dos paises que excluem mulheres das competições internacionais.

A falta de promoção das atividades desportivas da mulher desde a infância ou as restrições na sua forma de vestir-se limitam a possibilidade de que se dediquem ao desporte e à alta competição. No Irã, por exemplo, a obrigação de ocultar o corpo feminino que se impôs pouco depois do triunfo da Revolução Islâmica impede a participação de suas mulheres nos encontros internacionais. Corredoras, futebolistas e outras jogadoras têm que levar calças largas, batas até os joelhos e lenços, algo proibido nos regulamentos. Suas nadadoras só podem competir perante o público em trajes femininos. Essas proibições diminuem tanto sua capacidade de competir com outra atletas como seu respeito aos circuitos desportivos.

O Irã promoveu nos últimos anos uma opção alternativa, os Jogos Islâmicos Femininos, em que mulheres competem sem violar as normas de vestir-se mais ortodoxas. Entretanto, além de consagrar a segregação sexista, esse encontro não é reconhecido pelos Jogos Olímpicos, onde as iranianas só podem participar totalmente cobertas. Sua representante de tiro em Atenas, Nasim Hasampur, em foto acima, uma destacada ginasta, era obrigada a trocar sua especialidade ante a impossibilidade de apresentar-se em público vestida como exige o esporte praticado. Dos 52 esportistas que o Irã vai mandar a Pequim só são mulheres, uma atiradora de arco e uma lutadora de taekwondo.